Tanto eu, como a Manu, somos loucas por uma feira. Pode ser de qualquer tipo, desde as maravilhosas feiras livres que temos no Brasil onde a gente, depois de comprar todas as frutas e verduras pra viver com saúde, emenda um pastel pra repor as calorias, até as feiras de artesanato, mercados municipais, festa do morango, da uva, da alcachofra… Por aí vai. Sem a menor dúvida, é algo que temos de preparar o espírito pra encarar, pois são locais onde estamos sujeitos as intempéries climáticas além da aglomeração de pessoas – quem não dá conta destes dois itens, melhor ficar em casa se não quiser voltar de mau humor. Mas, para quem se diverte em saber as histórias, os caminhos, e se delicia com sorrisos francos e uma boa conversa, nada nutre tanto como um mercado popular.
O povo peruano também está acostumado a esse tipo de comércio, afinal, no interior do país são poucas as cidades aonde se instalaram alguma das grandes redes de supermercado, muito menos de comércio varejo. Desta forma, nada poderia representar tão bem o meio de consumo desta população, quanto um Gran Mercado – em vulgo português, um ‘Mercadão’.
Todos os anos, a feira Mistura monta, dentro do evento, o Gran Mercado, e é sempre um show à parte. Ali temos acesso a produção agrícola vinda de todos os cantos do país a preços mais acessíveis do que num mercado comum. Bem na verdade, muitos destes produtos nem se encontram à venda em Lima, pois são produzidos e diretamente consumidos naquela região ou então, exportados. Entretanto, a feira traz com esta exposição a possibilidade de novos negócios, pois em sua maioria, são os próprios produtores quem vêm expor, e existe sempre a chance de encontrarem novos compradores.
O contato direto com os agricultores é uma verdadeira aula de vida em cada barraca. Eles sabem e têm prazer em nos explicar a forma como cada alimento é produzido, até a história de como sua a mãe começou a plantar tal coisa para consumo próprio e isso se tornou o negócio da família, que agora quem comanda é o neto. Tudo é de uma riqueza imensa… Riqueza de amor pelo que fazem, de alegria por estarem ali, de sabedoria, de conhecimento da terra, de tradição, de simpatia… Olha, sem a menor dúvida, o Gran Mercado é a melhor viagem que o Mistura pode proporcionar.
Para melhorar isso ainda mais, este ano montaram ali uma Cozinha, onde a cada dia era preparado um prato com ingredientes típicos, e estes eram vendidos a preço popular (S/. 4,00). Além disso, diariamente um grande chef peruano cozinhava um outro prato à parte e ia, ele mesmo, distribuir gratuitamente para os frequentadores que passavam pela Cozinha do Gran Mercado. Pensa numa muvuca, gente?! Nos dias que foram Gastón Acurio e Virgilio Martinez, era um tumulto maior que o trio de Ivete Sangalo na Bahia (tudo bem, não é pra tanto… Mas tinha muita gente!). E eles não só distribuíam as porções como também conversavam com o povo, perguntavam se a comida estava boa, davam dicas de preparo e, mais importante de tudo, estavam ali de peito aberto representando o mundo que se abriu a este país por meio dos pratos e seus insumos.
No final, me senti verdadeiramente emocionada e privilegiada em poder conhecer tudo isso.
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